sábado, 3 de julho de 2010
Eu já sabia!
Por favor não me xinguem queridos leitores, mas quase que saí de casa com uma camiseta “Eu já sabia!” depois que apostei com diversos amigos e parentes que o Brasil não ganharia esta Copa de 2010 e seria eliminado nas quartas de final. Vocês sabem que sou um otimista incorrigível, mas assim como o Kajuru acho que futebol é negócio e que ele não ganharia duas copas consecutivas, afinal em 2014, no Brasil, ele tem obrigação de vencer. No próximo mundial estarei na abertura e principalmente na final para ver a seleção canarinho ganhar, mas sem achar que isto possa mudar os rumos do planeta ou trazer qualquer benefício para nossa gente.
Adoro uma teoria da conspiração e soprei em vários ouvidos de que as copas são todas armadas. Existe uma programação que, ocasionalmente, pode falhar, mas que retrata muitos interesses financeiros, políticos e estratégicos, sendo que nesta, o interesse era que o Brasil não se isolasse na liderança do futebol, ainda mais sediando o próximo campeonato. Alguns vão começar a analisar o que estou falando, outros falarão que sou louco e a maioria vai ficar com raiva, pensando que não sou patriota.
Sou uma das pessoas mais patriotas que conheço, canto o Hino Nacional inteirinho e com emoção, acredito no meu país, pago meus impostos em dia, sou voluntário em diversos projetos sociais, respeito as leis, preservo a natureza, sou filiado a partido e sou brasileiro e não desisto nunca. Mas, nunca me verão chorando por conta de uma desclassificação ou fazendo buzinaço diante de um gol, acho que existem muitas questões mais importantes para se entristecer ou se alegrar.
Quando perdemos queremos achar um culpado: seria a maldição da jabulani, seria a cabeça dura do Dunga, seria a expulsão do jogador, seria o olho gordo do Maradona, seria o juiz japonês? Muitos levam a fama pela saída da seleção. Injustiça maior é culpar o goleiro Júlio César que, na minha modesta opinião, foi o grande craque brasileiro que segurou a barra até as quartas de final, mas ninguém consegue nada sozinho. Talvez seja culpa do pé frio da Copa, Mick Jagger que disse que ia torcer pelo Brasil. Tem tucano falando que a ida do Lula para o continente africano causou a derrota e tem petista que afirma ser olho gordo do Fernando Henrique. Ricardo Teixeira então teve sua genitora lembrada em várias mesas de bar. Nem a fé de Kaká salvou o time desta vez. Nem conseguimos eleger a musa da Copa de 2010 que ficou com a paraguaia Larissa Riquelme.
Quando vi as pessoas rasgando as bandeirinhas que enfeitavam as diversas ruas de nossa cidade, a exemplo do que ocorria Brasil afora, vi que o ufanismo que permeava as ações de todos até então acabara com o apito do juiz. Por este motivo, decidi escrever este artigo que remete a uma das frases mais marcantes de Nelson Rodrigues – “o futebol é o ópio do povo” – ele ilude milhões de pessoas durante algum tempo enquanto se votam aumentos absurdos para o judiciário e para os servidores do senado, enquanto diversos crimes são praticados, enquanto muitos morrem de fome e sofrem com desastres naturais como as enchentes que assolam o nordeste.
Não me alongarei no assunto, mas queria que as pessoas refletissem melhor sobre como esta força, esta torcida, este patriotismo que toma conta do país seria importante se não ficasse restrito à Copa do Mundo e se tornasse algo natural como é nos Estados Unidos, onde as pessoas hasteiam bandeiras nacionais em suas casas, cantam seu hino como um grito de guerra, apóiam todos os esportes, todas as ações sociais e participam do dia-a-dia da política, votam conscientemente e acompanham as atividades de seus governantes. Se nossas crianças fossem treinadas por seus pais a ajudarem as instituições, a terem fé, a preservarem a natureza, a economizarem energia e água, assim como são alienadas para se agarrarem com unhas e dentes à “seleção” brasileira, muita coisa poderia ser diferente no futuro. Afinal, neste momento não adianta falar que da Copa sobrou 1 Dunga, 11 Sonecas e 190 milhões de Zangados, pois o que realmente sobrou foi um povo decepcionado trabalhandoem dobro para repor o tempo perdido na frente da TV, ganhando um salário sem vergonha, enquanto 11 jogadores voltam ao Brasil com milhões e milhões nos calções, sem nenhuma culpa pela derrota.
Altair Nogueira é publicitário, vereador e agora tem o site www.altairnogueira.com.br
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