“O Senhor me
chamou ao monte para orar, mas isso não significa que abandonarei a Igreja!”, palavras
singelas, mas com forte significado após a onda de boatos e falsas afirmações que
tomaram conta da imprensa nos últimos tempos, após Bento XVI anunciar que
renunciaria ao Trono de Pedro.
Impossível não
se emocionar ao ver milhares de pessoas com olhares atentos na Praça São Pedro,
esperando ansiosamente a última oração do Angelus pelo Papa, antes de sua saída.
Em sua fala, Bento XVI convocou a Igreja e todos os seus membros a
se "renovarem" e "se reorientarem em direção a Deus, rejeitando
o orgulho e o egoísmo".
Todos as atenções estão voltadas para o Vaticano nos
últimos dias e a imprensa procura explicações sobre a atitude do Papa, mas
pouquíssimos destacaram a coragem, a ousadia, o desprendimento, o altruísmo, a
humildade do Santo Padre de reconhecer sua fraqueza física e o desgaste para
continuar a frente do pontificado.
A atitude de Bento XVI nos faz refletir sobre nossas
capacidades e nos encoraja a reconhecer nossa falibilidade diante de certas
situações, somos seres humanos limitados e passiveis de erros, que, claro,
podem ser corrigidos e perdoados, mas dependem de uma atitude de reconhecimento
em primeiro lugar.
A Igreja Católica sempre foi vista como conservadora,
de hierarquia rígida, engessada e centralizadora, e muitos, ainda não acreditam
que estão vivendo este momento histórico da renúncia de um Papa, fato só visto
anteriormente há 600 anos. Com escândalos políticos e financeiros evidenciados
nos noticiários, vazamento de informações confidenciais e as denúncias de casos
de pedofilia, além da eterna briga por poder entre a cúpula da Igreja, notamos
o esvaziamento das igrejas em todo o mundo. Vejamos o cenário nacional em que
há cerca de 30 anos tínhamos aproximadamente 90% da população declarada
católica e hoje, dados apontam que são apenas 65%. A atual fragilidade do pontífice
reflete a própria fragilidade da Igreja.
São muitas as questões polêmicas a serem tratadas pelo
novo Papa, muitos são os desafios, num mundo onde a tecnologia da informação agilizou
os processos humanos, onde a transparência das instituições é base para sua
credibilidade, é preciso decentralizar as decisões e abrir de vez as portas da
Igreja aos fiéis como conclama o Concílio Vaticano II. Assim, fica nosso dever
de orar para que o Espírito Santo ilumine os cardeais que participarão do
conclave para que façam a melhor escolha e eleger um dirigente dinâmico, ousado
e preparado para tantas mudanças a que a Igreja deve passar nos próximos anos.
Sigamos o exemplo do Papa e façamos todos nós, nosso
exame de consciência!
“Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração de vos Ter
ofendido, porque sois tão bom e amável. Prometo, com a vossa graça, esforçar-me
para ser bom. Meu Jesus, misericórdia!”
Altair Nogueira é publicitário e atual presidente da
Câmara Municipal de Três Corações (www.altairnogueira.blogspot.com.br)