domingo, 10 de fevereiro de 2013
Amor & Ódio
No ano de 2008, uma publicação feita por pesquisadores do Laboratório de Neurobiologia da University College London causou grande repercussão mundial ao afirmar que as áreas cerebrais ativadas quando uma pessoa vive um romance são as mesmas de quando se odeia alguém.
Desde então, aquilo que a literatura sempre pregou, ganhou embasamento científico, a prova definitiva de que amor e ódio estão separados por uma linha tênue. Apesar de que os sentimentos não podem ser medidos como formas geométricas ou considerados exatos como as fórmulas aritméticas, eles precisam ser vividos. No senso comum é afirmado que o “amor é cego”. Nietzsche vai um pouco além, afirmando que: “o amor e o ódio não são cegos, mas são ofuscados pelo fogo que carregam diante de si”.
Mas é difícil acreditar que um sentimento tão forte como o amor, que pode se explicar por caridade, afeição, atração, paixão, companheirismo, dedicação, intimidade, prazer, e tantos outros comportamentos nobres e que geram felicidade ao ser humano pode estar tão intrinsecamente ligado ao ódio. Em questão de segundos e com pequenos atos, toda uma relação amorosa pode se transformar em ódio e as razões e motivos muitas vezes são pífios.
Na maioria das vezes a mentira é a grande vilã dos relacionamentos humanos, sendo a grande responsável pelo transcurso da linha entre amor e ódio. Perder a confiança em alguém que se ama tem o mesmo efeito de um terremoto que abala as bases sólidas das edificações, provocando rachaduras irreparáveis.
Érico Veríssimo escreveu: “O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença...”
No nono capítulo do livro bíblico do Eclesiastes, encontramos a seguinte citação: “Amor e ódio estão diante do homem, e o homem não sabe escolher.”E se olharmos para o mundo em que vivemos e analisarmos os conflitos, as guerras e batalhas que se iniciam por questões de ódio e intolerância, vemos que o homem muitas vezes escolhe o ódio ao amor. Quando os noticiários mostram homens e mulheres que dizem que mataram seus companheiros ou suas companheiras por amor, nos perguntamos se eles sabem o que é o amor. Por serem sentimentos tão próximos, será que não o confundiram com o ódio? Afinal o que levaria uma pessoa a matar quem escolheu para amar?Não é fácil entender o que leva a um ou ao outro, afinal podemos até mesmo odiarmos a nós mesmos em certos momentos da vida.
O amor e o ódio podem ser sentimentos irmãos, mas nunca terão as mesmas consequências. Enquanto o amor é contagiante e motivador, o ódio só leva nos leva às trevas e ao caos. Por mais pesquisas e estudos que se façam sobre o assunto, talvez nunca tenhamos uma explicação convincente e exata sobre isso, assim a melhor forma seria plantar sempre sementes de amor, independente de quantas decepções a vida nos traga e deixar o ódio de lado. O escritor português Vergilio Ferreira assim eternizou este pensamento: “O amor e o ódio são irmãos, mas o ódio é um irmão bastardo.”
Altair Nogueira é publicitário e atual presidente da Câmara Municipal de Três Corações (twitter:@altair_nogueira)
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