A direção do Facebook anunciou ter atingido, em
março de 2012, um total de 901 milhões de usuários. No Brasil, registra-se um
total de 45 milhões de brasileiros ativos na rede social em março. E se você
não sabe do que estou falando, sinta-se um excluído da era digital, pois quem
não está inserido nas denominadas redes sociais, está fora do mundo
globalizado, cada vez mais, baseado em relações frias e totalmente virtuais.
Uma pesquisa da universidade da Noruega descobriu
que já existem pessoas viciadas em facebook, eu que o diga. A pesquisadora
descobriu vários fatores sobre a dependência em Facebook, como suas principais
vítimas: as mulheres e os mais jovens. Pessoas tímidas, ansiosas e inseguras
socialmente também estão no páreo. Assim, indivíduos com essas características
de personalidade têm maior facilidade em se comunicar por meio das mídias
sociais do que pessoalmente.
Há uma semana, decidi me retirar por um tempo
do facebook. No começo tive algumas crises de abstinência e senti que estava
sozinho sem as curtidas de meus amigos. Muitos assessores me confrontaram: Como
você pode deixar uma rede com 5000 amigos e mais de 800 seguidores? E a
divulgação de suas ações parlamentares? Mas segui firme em meu propósito e com
o passar dos dias tive mais tempo para brincar com o cachorro, para contemplar
os passarinhos que visitam o jardim da minha casa, li dois livros e comecei um
terceiro neste período, comecei a fazer a barba com mais frequência e vi
filmes, até então, inéditos para mim.
O facebook é uma excelente ferramenta de
divulgação e disseminação de ideias e projetos, bem como cumpre sua função de
integrar amigos e facilitar a comunicação entre pessoas à distância, mas,
muitas vezes, também gera distanciamento entre os seres humanos que abrem o
diário de suas vidas nas redes sociais e ali, circulam cordiais e amistosos
pelas entranhas do mundo virtual, comportamento diferente do assumido no dia a
dia, onde muitas vezes não são capazes de demonstrar seu carinho e atenção nem
mesmo para os entes mais próximos.
Quando
o poeta disse “Navegar é preciso, viver não é preciso.”, creio que falava de
precisão, exatidão e, não, de necessidade, mas, em tempos atuais, poderíamos
usá-la em qualquer anúncio de provedores ou modens de internet, pois a maioria
das pessoas não tem mais uma vida social e coletiva tão intensa quanto suas
relações digitais. Navegam horas e horas por redes sociais como facebook,
twitter, instagram, entre outras, expõem pensamentos, promovem campanhas e
protestos, divulgam, externam emoções e julgamentos, “protegidos” pelo escudo
virtual, mas se esquecem que ações do mundo cibernético têm reações no mundo
real.
Sem
querer julgar se há mais ganhos ou percas com a evolução e disseminação das
redes sociais, quero apenas denotar minha experiência de voltar ao “passado” e
ficar algum tempo afastado do mundo virtual, me concedendo a oportunidade de
desfrutar da vida real por mais tempo. Longe do brilho das telas de led e da
frieza das relações da internet, é possível sentir a verdadeira intensidade das
cores do mundo, seus aromas e calor próprio. É claro que dizer muitas coisas
que são ditas sob a proteção dos meios digitais, olhando nos olhos é muito mais
difícil, mas extremamente necessário para estabelecer confiança e credibilidade
nos relacionamentos interpessoais.
Não
há mal algum em participar do facebook ou qualquer outra comunidade da
internet, mas que não nos esqueçamos da importância de nos relacionarmos
pessoalmente como seres humanos, estabelecer contatos uns com os outros, olhar
nos olhos, apertar as mãos, sorrir, falar e escutar faz parte da nossa vivência
e interfere diretamente no desenvolvimento da sociedade. Vamos curtir mais a
vida, compartilhar bons exemplos e boas ações e cutucar aquilo que está errado,
buscando corrigir os rumos, assim teremos uma vida melhor e um mundo melhor!
Altair
Nogueira é publicitário, presidente da Câmara Municipal de Três Corações e
presidente da AMICAM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário