Muitas pessoas estão me perguntando se neste ano não falarei sobre o BBB em minha coluna. Já decidi que não. Neste ano, o reality show não deu a repercussão esperada, talvez nossa população não esteja preparada ainda para tanta baixaria e futilidade exposta na televisão. Num programa onde um militante nazista, homofóbico pode ser o ganhador e as gatas foram eliminadas, não há o que se falar, posso apenas recomendar aos leitores que leiam o livro de George Orwell 1984 e entenderam melhor o fenômeno que tenta se reproduzir com esta atração.
Não falarei do BBB, mas falarei do reality show que se tornou o julgamento do casal de assassinos da garota Isabella. Desde o assassinato da garota Eloá por seu namorado, não via a imprensa tão empenhada num caso e a população com tanta fome de justiça.
Como bem disse a mãe da menina, o julgamento alivia, pois pune os culpados, mas não traz Isabella de volta. Nem somando os mais de 31 anos de pena de Nardoni e os 26 anos de Jatobá, chegaremos perto do que a garotinha poderia viver se não tivesse sido assassinada pelo próprio pai e pela madrasta.
No dia do julgamento, acredito que muitos fizeram como eu e só foram dormir após a meia-noite para saber a sentença do juiz. Todas as emissoras juntas, disputando o melhor ângulo, equalizando o melhor som. Para o promotor Cembranelli, aplausos, para o advogado de defesa do casal, vaias. Com a punição, fogos de artifício, choro, emoção, gritos, alegria. A população se sentiu aliviada pela atuação dos jurados, ou até mesmo, vingada.
Um crime como este choca o país, mas é triste quando nos damos conta de que coisas assim acontecem a todo momento. Além disso, existem outras situações de morte e violência que estão ao nosso redor e não damos importância, preferimos nos entronizar diante da TV e participar do julgamento do ano, sem levantar uma mão para auxiliar um doente que sofre nas filas dos hospitais, um idoso abandonado num asilo qualquer, uma criança que dorme ao relento de uma calçada, uma mãe que agoniza de fome marginalizada embaixo de uma ponte.
Abaixo quero destacar uma charge de Angeli, publicada na Folha de São Paulo do dia 24/03/2010 em que se resume o que quis transmitir com este artigo.
Altair Nogueira é publicitário, vereador, me comovo com certos casos, mas faço a minha parte ao invés de ficar apenas criticando!
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