O mais triste de perder a eleição é que agora aparecem os mais diversos profetas e especialistas para apontar os erros e os acertos de cada um como se a política fosse uma ciência exta baseada em fórmulas e não a radiografia de uma emoção momentânea, de um estado de espírito, de uma tendência, muitas vezes, impulsionada pelo marketing.
Mesmo assim, arriscarei apontar algumas falhas que percebi na campanha do tucano José Serra, as quais enviei por e-mail para a coordenação de sua campanha durante os últimos meses.
Primeiramente, queiram ou não, os mineiros se sentiram preteridos pelo PSDB, quando a cúpula optou por Serra, sem ao menos concordar com as prévias propostas por nosso ex-governador Aécio Neves. Estas seriam uma inovação histórica em nossa trajetória política, além de uma oportunidade única de percorrer todo o país com um projeto de governo pós-Lula. Assim, Dilma que é mineira, conseguiu cativar a maioria do eleitorado do nosso estado.
A demora no anúncio de quem seria o candidato da oposição enquanto Lula e Dilma viajavam todo o Brasil em franca campanha, dominando todo o noticiário foi outro fator relevante que prejudicou a candidatura de Serra.
Todos sabem das dificuldades de Serra em formar alianças, enquanto em Minas Gerais nada menos que quinze partidos integraram a coligação vitoriosa de Antonio Anastasia graças ao poder aglutinador de Aécio, no âmbito nacional somente o DEM, o PTB e os nanicos PT do B e PMN somaram forças ao PSDB.
A escolha do vice foi outro incidente traumático. Enquanto muitos torciam para que Serra lançasse logo seu nome e convidasse Marina Silva do PV para ser sua vice, muitos desacreditaram a ambientalista que terminou o 1º turno com quase 20 milhões de votos. Também chegaram a divulgar o nome do Senador Álvaro Dias, mas o DEM pressionou e indicou o nome do desconhecido Índio da Costa. O único ponto negativo do vice era este, ser desconhecido, mas o marketing da campanha o deixou ainda mais desconhecido durante todo o processo eleitoral e não soube usar sua imagem jovem, sua postura polêmica, além de ter sido relator do Ficha-Limpa.
O medo de opor-se a Lula também levou Serra a perder votos onde sempre foi mais forte, entre as pessoas com ensino superior e entre os simpatizantes do PSDB. Estes eleitores natos sentiram que Serra também era um candidato da continuidade e optaram por Marina Silva.
Além do que eu considero o maior de todos os erros, esconderam Fernando Henrique Cardoso e não souberam tirar todo o proveito possível dele, quando acordaram já era tarde. Enquanto o senador eleito por São Paulo, Aloysio Nunes utilizou a imagem do ex-presidente em sua campanha e acabou eleito com a maioria absoluta dos votos, só então perceberam que Fernando Henrique tinha derrotado Lula por duas vezes no 1º turno, que todos os avanços do atual governo se deram por conta da sólida base econômica e institucional deixada pelo antecessor. Nem mesmo as privatizações que desoneraram a máquina governamental e universalizaram o acesso das pessoas a bens como o telefone fixo e o celular foram defendidas por Serra e acabaram se tornando bandeira para Dilma bater.
Foram muitos erros como a utilização do discurso religioso durante a campanha e a falta de emoção na hora da propaganda e dos discursos. Mas, agora não adianta apontar erros e se lamentar, temos que torcer para que Dilma forme uma boa equipe e que nosso país continue avançando, afinal se ele vai mau, todos nós pagamos a fatura.
Altair Nogueira é publicitário, vereador e torce pelo Brasil
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