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domingo, 22 de fevereiro de 2015

38 anos do Retiro de Carnaval no distrito de Palmital do Cervo

Um pequeno distrito na área rural de Carmo da Cachoeira, apenas 185 casas e 420 habitantes, recebe desde 1978, o retiro de carnaval da Igreja Católica. O recanto tranquilo se movimenta com a chegada dos fiéis. Todos querem ajudar, o dono do bar coloca garrafas pet cheias de água no freezer para servir aos participantes, as donas de casa preparam quitandas para o café, comerciantes doam materiais que serão usados nas atividades, verduras e legumes não param de chegar para o almoço. A única escola, que também serve como creche, deixa as carteiras e cadeiras de lado, e recebe colchonetes e travesseiros, já que as salas de aula são utilizadas como dormitórios, femininos, masculinos e da organização. São cerca de 50 pessoas que saem de suas casas, ignoram a maior festa popular do país, e se reúnem para rezar, ouvir palestras, participar de dinâmicas e celebrar a santa missa. "Na noite passada, o bispo esteve aqui, ele é muito bem humorado e, até tirou foto com a gente", afirma uma adolescente em relação à visita de Dom Diamantino, que celebrou uma missa na capela da comunidade. É hora do almoço de domingo, chegamos e somos recepcionados pela vereadora Francisca Filomena Lodonho, mas lá ela é apenas a Tia Chica, que estava presente no primeiro retiro realizado em 1978, e desde então, nunca mais deixou de participar. Hospitaleiros, os jovens e as equipes de organização já nos encaminham para a fila das panelas e depois para uma mesa, especialmente preparada para visitantes. Logo, chega também nosso vice-prefeito Cosme e sua esposa Maria Rita e se juntam a nós. Em seguida, saímos para conhecer o distrito, olhares atentos e curiosos nos acompanham, todos querem cumprimentar e conhecer quem chega por aquelas bandas. Na capela aconchegante, reformas acontecem, a pintura externa é nova. Chegam as senhoras responsáveis pela ornamentação do ambiente, flores e folhagens naturais. Pergunto se o Pe. Daniel, pároco de Carmo da Cachoeira é o responsável pela comunidade e a resposta é afirmativa. Pude perceber, pelo zelo com o espaço e com os aparatos litúrgicos. "Ele é muito exigente, gosta de tudo certinho, mas todos estamos gostando dele", relata Tia Rita, que toma a frente dos trabalhos preparativos para a missa. Isso não a impede de nos levar até sua casa, onde conhecemos sua irmã mais velha, Dona Lourdes, 86 anos, muito religiosa já está pronta, sentada em um banquinho na varanda, aguardando a chegada do padre, mas ainda temos tempo de tirar uma foto juntos e colher algumas acerolas. O querido e jovem Pe. Carlos Henrique, pároco de São Bento Abade já está na sacristia se paramentando para a celebração, nos recebe com um largo sorriso no rosto e um reconfortante abraço. Na homilia, refletindo sobre o evangelho que fala da cura do leproso, o sacerdote fala sobre fé, perseverança, confiança e superação. Além dos jovens participantes e da comunidade, nos bancos da igreja está um dos fundadores do retiro, João Deon Pereira (ex-superintendente regional da Caixa), nascido na comunidade, sempre que pode se faz presente e nos relata que o apoio e a presença do Pe. Manoel Ribeiro (já falecido) foi fundamental para que tudo desse certo. O céu está escuro, as nuvens carregadas anunciam a chuva que está por vir, e temos que ir embora. Nos despedimos, sentidos de não permanecermos até a noite. Magner, João de Oliveira e eu voltamos, recordando os bons momentos que passamos ali, num lugar onde realmente sentimos a Paz que vem de Deus...

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