sábado, 28 de dezembro de 2013
CARTA À POPULAÇÃO TRICORDIANA
No dia 17/12, a Polícia Federal deflagrou a OPERAÇÃO METÁSTASE 57, que investiga uma possível rede de corrupção e desvio de verbas públicas no âmbito da Prefeitura de Três Corações, durante a administração 2009/2012.
Foram cumpridos 37 mandados de prisão temporária, 20 de condução coercitiva e 75 de busca e apreensão, nas cidades de Três Corações/MG, Lavras/MG, Varginha/MG, Brasília/DF e Belo Horizonte/MG.
Dentre as possíveis irregularidades verificadas estão a construção da "Casa Pelé", a promoção do "Três Corações Rodeio Show", a compra de medicamentos e fraudes em licitações para aquisição de merenda escolar e asfalto.
Mesmo não tendo nenhuma ligação com processos licitatórios ou contratuais do poder executivo, um mandato de busca e apreensão foi cumprido em minha casa, onde nenhum material foi apreendido, porém fui informado neste mesmo dia que havia um pedido de prisão temporária por cinco dias contra minha pessoa, esclarecendo que este tipo de prisão tem natureza essencialmente cautelar e é cabível exclusivamente na fase de investigação, no intuito de permitir uma melhor e mais eficaz colheita de provas pela autoridade policial.
Em meu depoimento à Polícia Federal, fui questionado sobre como a Câmara Municipal de Três Corações divulgava seus atos institucionais através da agência de publicidade AZagga e de duas doações de material e serviços para a campanha eleitoral de 2012, feitos pelas empresas GF Supermercados (através da Via Minas Outdoor, em torno de R$450,00 em placas publicitárias) e da Explode Coração(em torno de R$800,00 em serviço de carro de som), todas devidamente declaradas em minha prestação de contas à Justiça Eleitoral, contas estas, aprovadas.
Em nenhum outro momento fui chamado para prestar quaisquer outros esclarecimentos, mas fiz questão de deixar meu sigilo fiscal e telefônico à disposição das autoridades para verificação.
Desde que assumi meu primeiro mandato como vereador em janeiro de 2009, até hoje, moro na mesma residência de propriedade de meus pais no bairro Monte Alegre, uma casa simples, porém acolhedora. Possuo um veículo da marca Nissan, modelo Versa, financiado pelo banco Santander em 36 prestações e um terreno adquirido junto da JM Imóveis e parcelado pelo banco Itaú em 70 meses. Na verdade, meu maior patrimônio adquirido nestes 29 anos de vida foi a amizade e confiança do povo tricordiano e minha credibilidade.
Mesmo tendo a certeza de que a verdade prevalecerá e as investigações apontarão os responsáveis por alguma ocasional fraude em ações da administração passada na prefeitura, e com a consciência tranquila de que cumpro com meus deveres como cidadão e como agente político com total responsabilidade e retidão, acredito que neste momento, devo me afastar da presidência da mesa diretora da Câmara Municipal de Três Corações, a fim de que, o sensacionalismo midiático, ações oposicionistas e oportunistas não reflitam em nossa instituição. Minha família e meus amigos não merecem o sofrimento, a aflição e o aborrecimento de constantes ataques, acusações levianas e ações articuladas de políticos aproveitadores e frustrados.
Os grupos políticos de nossa cidade precisam aprender a se destacar naturalmente com feitos positivos e não através de redes de boatos e calúnias que visam destruir reputações e criar constantes factoides de quem está no mandato.
Muitos inocentes, pais e mães de família, trabalhadores, pessoas de bem, com índole e reputação ilibada, por algum motivo também passaram por esta prisão temporária de 5 dias e, neste momento não discutirei a arbitrariedade ou não das ações empreendidas, mas me solidarizo com todos, principalmente com as famílias que tiveram este constrangimento nos últimos dias, com o linchamento moral promovido pela emissora de televisão da cidade vizinha e por agitadores nas redes sociais.
Vimos pessoas que têm diversos processos no Ministério Público e que já foram presas por contravenção penal, outras que ocupam cargo comissionado em órgão público e já cumpriram pena por tráfico de drogas, outros ainda que vivem da venda de produtos piratas se pronunciando na imprensa como guardiões da moralidade e da ética, achincalhando pessoas que estão na condição de suspeitos, afinal não há nem denúncia, nem processo até o momento e, sim, um inquérito policial que investiga se, entre os 100 contratos analisados, houve alguma irregularidade. Diferentemente do que foi veiculado na mídia, ninguém roubou R$30 milhões, o que representa um terço do orçamento total anual de nosso município. Este é o valor total dos contratos analisados até o momento. E claro, que se houve qualquer desvio, os culpados têm que ser punidos com os rigores da lei, mas como fica a vida daqueles que forem inocentados e já passaram por este verdadeiro "carnaval" dos últimos dias, com direito à desfile pelo centro da cidade? Como restabelecer suas vidas, seus negócios, suas atividades diárias em meio aos insultos, chacotas e demais agressões verbais, quiçá físicas praticadas por pessoas alienadas que se baseiam apenas em informações superficiais? Estão todos sendo julgados e condenados precipitadamente pela opinião pública.
Continuarei cumprindo meu mandato eletivo como vereador, principalmente em respeito aos eleitores e à comunidade que nestes últimos dias tem me enviado mensagens de conforto e solidariedade. Com o incentivo de vocês, o apoio da família e dos amigos, a experiência adquirida nos últimos anos e a cabeça erguida, pela certeza de minha hombridade e caráter, estarei diuturnamente e incansavelmente dando continuidade aos trabalhos no Poder Legislativo. Não tenho nenhuma condenação judicial, e, apesar dos julgamentos precipitados de algumas pessoas, nosso regimento interno e lei orgânica me permitem exercer meu mandato conquistado legitimamente nas urnas, por processo eletivo, frustrando assim, qualquer intenção oportunista de quem quer que seja que queira "ganhar no tapetão". No tempo certo, a justiça trará as respostas que todos querem, quem são os inocentes e quem são os culpados.
À minha nobre colega de parlamento, vereadora Regina Célia Valadão Moysés, desejo-lhe sorte e coragem para desempenhar as funções que agora lhe caberão, sendo que exercerá o cargo histórico de primeira presidente da Câmara Municipal de Três Corações. Confio em sua competência, retidão e integridade e ressalto ainda sua sensibilidade e fé para dar novos ares ao nosso Poder Legislativo. Estarei ao seu lado como verdadeiro "soldado de batalha" na luta por mais qualidade de vida e bem estar ao nosso povo tricordiano, especialmente aos menos favorecidos, propondo, analisando e aprovando indicações, requerimentos e projetos de lei que favoreçam nossa gente.
Ficar preso é triste, é difícil e muito embaraçoso, mas pode também ser um período de reflexão e aprendizado. Nelson Mandela, de saudosa memória, ficou preso 27 anos e voltou como um herói do povo africano, e mesmo hoje, após sua sentida morte é exemplo de abdicação, luta e vitória por um ideal no mundo todo.
Agradeço a todas as mensagens recebidas nos últimos dias, de apoio, fé e incentivo. Confesso que pensei em parar, mas sei que tenho uma missão a cumprir, servir nossa população, não posso frustrar a expectativa daqueles que acreditam em mim e me deram esta procuração para representa-los em nossa Casa Legislativa. Muitas vezes, a vida nos impõe desafios, que ao superarmos, nos torna melhores seres humanos. Tenho fé que Deus, em sua infinita misericórdia trará alento às famílias atingidas com estas prisões e nos dará serenidade para aceitar o fardo que nos foi dado, com perseverança para continuar a caminhada e restabelecer nossas vidas normalmente. Aproveito para desejar um Feliz Natal a todos os tricordianos, e que 2014 seja um ano de mais amor, mais trabalho, mais fé, mais compreensão, mais união, e mais dignidade para todos. Que todos façamos a nossa parte na construção de um mundo melhor, por menor que seja, ela fará a diferença. Eu farei a minha parte!
Altair Gustavo Rocha Nogueira
Vereador
Ex-presidente da Câmara Municipal de Três Corações
26 de dezembro de 2013
domingo, 25 de agosto de 2013
Vamos quebrar tudo!
Quando o apresentador Ratinho iniciou sua carreira na televisão aberta, a música “Vamos quebrar tudo!” da dupla caipira Gilberto e Gilmar era a trilha sonora que embalava as constantes brigas que sustentavam os picos de audiência de seu programa. Nos últimos domingos lendo sobre a ação dos grupos denominados “Black Bloc”, me lembrei desta canção, que seria a mais adequada para o momento triste em que vivemos, de pessoas que saem às ruas, se misturam aos manifestantes e no final, quebram tudo que acham em seu caminho. De um passado recente em que “caras pintadas” saíram às ruas e conseguiram o impeachment de um presidente de forma pacífica e ordeira, chegamos ao tempo em que “caras tapadas” praticam atos de vandalismo, fazem baderna e arruaça, com slogans anarquistas e protestam contra tudo e todos, sem defender uma causa clara.
Na semana passada, a revista Veja estampou em sua capa a
foto de Emma, 25 anos, uma das integrantes do “Black Bloc”, irreconhecível é
claro, já que estava com uma camiseta enrolada na cabeça para esconder o rosto.
Inconcebível em minha humilde opinião, pois quando defendemos uma causa, temos
que “dar a cara a tapa”, ou fica a má impressão em quem vê este tipo de
atitude, muito comum nos criminosos desde os tempos do “bang-bang”. O que
fizeram seus comparsas depois disso? Foram para a frente da Editora Abril que
publica a revista, atearam fogo em exemplares da mesma, chutaram grades e
portões, tentaram invadir a sede e todo tipo de baderna que se pode imaginar.
Nesta semana, em suas páginas amarelas, a publicação traz
uma entrevista reveladora com o polêmico cantor Lobão, personagem emblemático
da música brasileira, por quem admito não ser simpático à maioria de suas
opiniões, muito menos fã de suas canções, mas confesso que gostei do que vi,
com muita lucidez, o roqueiro fala deste tipo de manifestação entre outros
assuntos e nos faz refletir sobre a alienação destes grupos.
"Ficar quebrando coisas, francamente, é constrangedor. Ainda mais de máscara na cara. Se eu fosse governante criava logo um 'passeatódromo'. Assim, os manifestantes poderiam reivindicar o que quisessem e dar entrevista para o Mídia Ninja sem atrapalhar a vida dos outros nem depredar o patrimônio público. Aliás, vamos combinar que independente esse pessoal não é. Nos protestos, eles ficaram ao lado dos manifestantes o tempo todo e provocaram os policiais, partindo do pressuposto maniqueísta de que soldado é bandido e os outros, mocinhos.
Sou a favor de manifestações qualquer que seja a causa, desde que tenha uma causa definida. Com objetividade e foco, o país poderia ter dado grandes passos."
Concordo plenamente com o
Lobão, se não me engano, pela primeira vez. Todos querem ir às ruas, como se
vivêssemos num grande desfile de escolas de samba, mas a falta de uma causa bem
definida, não leva a resultados concretos. Precisamos mais ação e menos falação.
Aqui mesmo em nossa cidade tivemos exemplo de manifestações pacíficas
organizadas pelos grupos “Amo TC” e “Acorda TC” que se desdobraram em diálogo
com o poder público e culminaram com a redução da tarifa de ônibus.
Após os conflitos
registrados em protestos no Recife, o secretário de Defesa Social de
Pernambuco, Wilson Damázio, decidiu que a ação policial será intensificada em
manifestações na capital pernambucana. Com a medida, manifestantes terão
mochilas revistadas em atos na cidade e ficam proibidos de usar
máscaras. “A Constituição Federal no seu Artigo 5° garante a livre
manifestação, porém veda o anonimato”, argumentou Damázio.
Sou obrigado a
concordar com a atitude do governo pernambucano, pois em toda a minha vida
participei de diversas manifestações em nossa cidade, mas nunca apoiei atos de
vandalismo para atingir nossos objetivos. Acho que num país onde a Ministra da
Cultura autoriza investimentos milionários através da Lei Rouanet para desfile
de estilista em Paris, enquanto fundações educacionais se afundam em dívidas
sem apoio nenhum do governo federal, que só empresta dinheiro para quem não
precisa, Eike Batista e outros, temos que continuar protestando sim, mostrar
nossa insatisfação, mas não com baderna e quebra quebra, pois no final de tudo,
quem paga as contas sempre somos nós.
Quem defende uma causa justa, não tem medo de mostrar a cara!
Altair Nogueira é publicitário,
presidente da Câmara Municipal
de Três Corações e da AMICAM
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Atire a primeira pedra...
Vamos refletir o que
aconteceu no ano de 1994, no relato do jornalista Felipe Amorim: “Num dos
episódios mais controversos da imprensa nacional, os donos da Escola de
Educação Infantil Base, na zona sul de São Paulo, foram chamados de pedófilos.
Sem toga, sem corte e sem qualquer chance de defesa, a opinião pública e a
maioria dos veículos de imprensa acusaram, julgaram e condenaram os donos e
professores da escola.
Segundo o portal Uol, chegou-se
a noticiar que, antes de praticar as ações perversas, os quatro sócios cuidavam
ainda de drogar as crianças e fotografá-las nuas. “Kombi era motel na escolinha
do sexo”, estampou o extinto jornal Notícias Populares, editado pelo Grupo
Folha. “Perua escolar carregava crianças para a orgia”, manchetou a também
extinta Folha da Tarde.
Na esfera jurídica,
entretanto, a história tomou outros rumos. As acusações logo ruíram e todos os
indícios foram apontados como inverídicos e infundados. Mas era tarde demais
para os quatros inocentados. A escola, que já havia sido depredada pela
população revoltada, teve que fechar as portas.
Hoje, acumuladas quase duas
décadas de reflexão e autocrítica, a mídia ainda não conseguiu digerir o
ocorrido e o caso da Escola Base acabou se tornando o calcanhar de Aquiles da
imprensa brasileira — é objeto constante de estudo nas faculdades de jornalismo
— e motivo de diversas ações judiciais provocadas pelos diretores da escola.
Em uma delas, Paula Milhim,
antiga professora e coordenadora pedagógica da Escola Base, tenta pôr as mãos
na indenização de R$ 250 mil que ganhou na Justiça paulista. Com a repercussão
do caso, Paula perdeu o emprego, se afastou da família, e hoje acumula dívidas
em um emprego instável como auxiliar administrativa.
Depois de muitos
imprevistos, como a morte de seu advogado, antes que a prescrição fosse
oficialmente validada, o então governador de São Paulo Mario Covas publicou em
15 de dezembro de 1999 o decreto número 44.536, em que escreveu: “fica
autorizado o pagamento administrativo de indenização às vítimas do caso Escola
Base, em virtude da responsabilidade civil do Estado por atos cometidos por
seus agentes”. Para justificar a intenção, o decreto cita os princípios da
dignidade humana e da inviolabilidade da honra e da imagem das pessoas. Ambos
salvaguardados pela Constituição Federal de 1988.
“É evidente que esse
decreto foi uma maneira que o governador encontrou de garantir, a todas as
vítimas, uma recomposição, ainda que parcial, daquilo que foi perdido após o
verdadeiro linchamento moral por elas sofrido quando da época dos fatos”,
justificou o desembargador José Roberto Cabella, relator da ação.” Porém até
hoje, não houve reparo financeiro ou qualquer outro na vida destas pessoas.
O papa Francisco, falando a uma multidão de mais de 150 mil
pessoas na Praça de São Pedro, pediu ao mundo para ser mais indulgente e misericordioso
e não tão rápido em condenar as falhas dos outros. "Um pouco de
misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo". E como disse
Jesus: “Aquele que não tiver pecado, atire a primeira pedra!”(João 8,7)
Altair Nogueira (twitter@altair_nogueira)
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/videos/videosoi/o_caso_escola_base
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/videos/videosoi/o_caso_escola_base
domingo, 17 de março de 2013
Habemus Papam: No te olvides de los pobres!
Não posso mentir que tenha me entusiasmado com o anúncio de quem seria o novo Papa desde o início, não por sua pessoa em si, até porque não o conhecia anteriormente ao conclave, mas por sua nacionalidade. É certo que, apesar de admirador do tango e de um bom vinho argentino, como brasileiro que sou, não tenho grande afinidade por este povo, que sempre nos transmitiu uma imagem arrogante, através de seu porta-voz, o jogador Diego Maradona.
Mas passada a impressão negativa inicial, todas as
atitudes e, até mesmo, a escolha do nome, influenciada por um brasileiro, de
nosso novo Papa, me agradaram muito.
Habemus Papam! Papa Francisco, o cardeal argentino Jorge
Mario Bergoglio de 76 anos surpreendeu a banca de apostas e a mídia mundial ao
desbancar todos os favoritos a suceder o Papa Bento XVI no comando da Igreja
Católica.
Ao escolher pela primeira vez o nome Francisco, numa
referência a São Francisco de Assis, e logo em suas primeiras ações, o primeiro
Papa latino-americano e o primeiro jesuíta deu mostras de que as tão sonhadas
reformas da Igreja Católica estão a caminho.
São Francisco de Assis foi um frade italiano que depois
de uma juventude irrequieta e mundana, converteu-se e viveu na extrema pobreza
os caminhos cristãos, deixando exemplos de devoção e caridade à humanidade. O
Papa Francisco já revelou ao mundo que a escolha deste nome e desta referência
se deu quando o Conclave já estava definido e ao receber um abraço apertado e
carinhoso do Cardeal brasileiro Dom Cláudio Humes, este lhe dissera: “Não se
esqueça dos pobres!” e o eco de sua fala povoou a mente do sumo pontífice, “os
pobres, os pobres”.
Assim, todos se assustaram ao ver nascer um Papa que anda
a pé, que dispensa a pompa e opulência da Cúria Romana para chegar ao próximo,
tocar e ser tocado, fazer-se presente no meio do povo de Deus, celebrar com
simplicidade, mas com piedade.
Voltar ao hotel que se hospedara durante os últimos dias
para pagar a conta e agradecer aos funcionários, num mundo em que dar calote e
desprezar àqueles que nos servem é praxe aceitável, fez milhões refletirem
sobre suas próprias atitudes. Abençoar o cão guia que levava um cego em sua
primeira audiência com a imprensa, fez nos lembrar do próprio inspirador
Francisco de Assis conversando com os animais, que também são criaturas de
Deus, numa sociedade que relega muitas espécies à extinção.
Refugar adornos de ouro e prata, o tradicional calçado
vermelho e o manto de veludo já deram o tom que teremos um Papa que se importa
mais com a conversão do que com os paramentos e aparatos “litúrgicos”.
Ao seguir para sua apresentação, no ônibus com os demais
cardeais e permitir que os mesmos utilizassem seu elevador privativo, Papa
Francisco mostra que, assim como o próprio Cristo, vai caminhar junto de seu
povo, ao lado de quem precisa de seu amparo e direção, e não, elevado por
tronos solenes que o afastam do próprio corpo da Igreja. Assim, revela sua face
jesuíta que quer uma Igreja missionária para amparar seus fiéis.
Na primeira oração do Angelus e na homilia da missa
celebrada no mesmo dia, em que a liturgia tinha como evangelho a parábola da
mulher adúltera, Papa Francisco nos lembra que Deus é extremamente
misericordioso e não se cansa de perdoar, ao contrário de nossa limitação
humana que tende a negar o perdão e uma nova chance ao próximo. Ao final desta
celebração, o Papa ficou na porta da Igreja como um padre do interior e
cumprimentou os fiéis. A multidão que aguardava no bloqueio também não foi
esquecida, ganhou abraços, apertos de mão e o simpático sorriso de um sucessor
de Pedro, que deixa o protocolo de lado para mostrar sua face humana e acolhedora.
Numa época em que alguns presbíteros se isolam da comunidade e somente se
importam em exibir uma Igreja reluzente e ritualizada, ele dá o exemplo de
humildade, de proximidade e pede uma ação pastoral de seus membros para tornar
a Igreja mais “familiar”.
Papa Francisco tem dado a tônica de como será seu papado,
e como quer que cardeais, bispos e padres se comportem junto dos fiéis católicos.
Parece que a cada ação do novo Papa, ecoa outra vez a voz do cardeal Humes: “os
pobres, os pobres”. A missão de Francisco surge novamente no seio da Igreja
para mostrar que não foi apenas pelo respeito à natureza e aos animais, e pela
vida pobre que se destacou, mas também quando escutou do Cristo no crucifixo: “Francisco,
vai e reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas!” e foi.
Altair Nogueira é publicitário, presidente da Câmara
Municipal de Três Corações e presidente da AMICAM (Leia mais em
www.altairnogueira.blogspot.com.br)
quarta-feira, 13 de março de 2013
#Curtir,Compartilhar e, no intervalo, Viver!
A direção do Facebook anunciou ter atingido, em
março de 2012, um total de 901 milhões de usuários. No Brasil, registra-se um
total de 45 milhões de brasileiros ativos na rede social em março. E se você
não sabe do que estou falando, sinta-se um excluído da era digital, pois quem
não está inserido nas denominadas redes sociais, está fora do mundo
globalizado, cada vez mais, baseado em relações frias e totalmente virtuais.
Uma pesquisa da universidade da Noruega descobriu
que já existem pessoas viciadas em facebook, eu que o diga. A pesquisadora
descobriu vários fatores sobre a dependência em Facebook, como suas principais
vítimas: as mulheres e os mais jovens. Pessoas tímidas, ansiosas e inseguras
socialmente também estão no páreo. Assim, indivíduos com essas características
de personalidade têm maior facilidade em se comunicar por meio das mídias
sociais do que pessoalmente.
Há uma semana, decidi me retirar por um tempo
do facebook. No começo tive algumas crises de abstinência e senti que estava
sozinho sem as curtidas de meus amigos. Muitos assessores me confrontaram: Como
você pode deixar uma rede com 5000 amigos e mais de 800 seguidores? E a
divulgação de suas ações parlamentares? Mas segui firme em meu propósito e com
o passar dos dias tive mais tempo para brincar com o cachorro, para contemplar
os passarinhos que visitam o jardim da minha casa, li dois livros e comecei um
terceiro neste período, comecei a fazer a barba com mais frequência e vi
filmes, até então, inéditos para mim.
O facebook é uma excelente ferramenta de
divulgação e disseminação de ideias e projetos, bem como cumpre sua função de
integrar amigos e facilitar a comunicação entre pessoas à distância, mas,
muitas vezes, também gera distanciamento entre os seres humanos que abrem o
diário de suas vidas nas redes sociais e ali, circulam cordiais e amistosos
pelas entranhas do mundo virtual, comportamento diferente do assumido no dia a
dia, onde muitas vezes não são capazes de demonstrar seu carinho e atenção nem
mesmo para os entes mais próximos.
Quando
o poeta disse “Navegar é preciso, viver não é preciso.”, creio que falava de
precisão, exatidão e, não, de necessidade, mas, em tempos atuais, poderíamos
usá-la em qualquer anúncio de provedores ou modens de internet, pois a maioria
das pessoas não tem mais uma vida social e coletiva tão intensa quanto suas
relações digitais. Navegam horas e horas por redes sociais como facebook,
twitter, instagram, entre outras, expõem pensamentos, promovem campanhas e
protestos, divulgam, externam emoções e julgamentos, “protegidos” pelo escudo
virtual, mas se esquecem que ações do mundo cibernético têm reações no mundo
real.
Sem
querer julgar se há mais ganhos ou percas com a evolução e disseminação das
redes sociais, quero apenas denotar minha experiência de voltar ao “passado” e
ficar algum tempo afastado do mundo virtual, me concedendo a oportunidade de
desfrutar da vida real por mais tempo. Longe do brilho das telas de led e da
frieza das relações da internet, é possível sentir a verdadeira intensidade das
cores do mundo, seus aromas e calor próprio. É claro que dizer muitas coisas
que são ditas sob a proteção dos meios digitais, olhando nos olhos é muito mais
difícil, mas extremamente necessário para estabelecer confiança e credibilidade
nos relacionamentos interpessoais.
Não
há mal algum em participar do facebook ou qualquer outra comunidade da
internet, mas que não nos esqueçamos da importância de nos relacionarmos
pessoalmente como seres humanos, estabelecer contatos uns com os outros, olhar
nos olhos, apertar as mãos, sorrir, falar e escutar faz parte da nossa vivência
e interfere diretamente no desenvolvimento da sociedade. Vamos curtir mais a
vida, compartilhar bons exemplos e boas ações e cutucar aquilo que está errado,
buscando corrigir os rumos, assim teremos uma vida melhor e um mundo melhor!
Altair
Nogueira é publicitário, presidente da Câmara Municipal de Três Corações e
presidente da AMICAM.
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Por que o Papa renunciou?
“O Senhor me
chamou ao monte para orar, mas isso não significa que abandonarei a Igreja!”, palavras
singelas, mas com forte significado após a onda de boatos e falsas afirmações que
tomaram conta da imprensa nos últimos tempos, após Bento XVI anunciar que
renunciaria ao Trono de Pedro.
Impossível não
se emocionar ao ver milhares de pessoas com olhares atentos na Praça São Pedro,
esperando ansiosamente a última oração do Angelus pelo Papa, antes de sua saída.
Em sua fala, Bento XVI convocou a Igreja e todos os seus membros a
se "renovarem" e "se reorientarem em direção a Deus, rejeitando
o orgulho e o egoísmo".
Todos as atenções estão voltadas para o Vaticano nos
últimos dias e a imprensa procura explicações sobre a atitude do Papa, mas
pouquíssimos destacaram a coragem, a ousadia, o desprendimento, o altruísmo, a
humildade do Santo Padre de reconhecer sua fraqueza física e o desgaste para
continuar a frente do pontificado.
A atitude de Bento XVI nos faz refletir sobre nossas
capacidades e nos encoraja a reconhecer nossa falibilidade diante de certas
situações, somos seres humanos limitados e passiveis de erros, que, claro,
podem ser corrigidos e perdoados, mas dependem de uma atitude de reconhecimento
em primeiro lugar.
A Igreja Católica sempre foi vista como conservadora,
de hierarquia rígida, engessada e centralizadora, e muitos, ainda não acreditam
que estão vivendo este momento histórico da renúncia de um Papa, fato só visto
anteriormente há 600 anos. Com escândalos políticos e financeiros evidenciados
nos noticiários, vazamento de informações confidenciais e as denúncias de casos
de pedofilia, além da eterna briga por poder entre a cúpula da Igreja, notamos
o esvaziamento das igrejas em todo o mundo. Vejamos o cenário nacional em que
há cerca de 30 anos tínhamos aproximadamente 90% da população declarada
católica e hoje, dados apontam que são apenas 65%. A atual fragilidade do pontífice
reflete a própria fragilidade da Igreja.
São muitas as questões polêmicas a serem tratadas pelo
novo Papa, muitos são os desafios, num mundo onde a tecnologia da informação agilizou
os processos humanos, onde a transparência das instituições é base para sua
credibilidade, é preciso decentralizar as decisões e abrir de vez as portas da
Igreja aos fiéis como conclama o Concílio Vaticano II. Assim, fica nosso dever
de orar para que o Espírito Santo ilumine os cardeais que participarão do
conclave para que façam a melhor escolha e eleger um dirigente dinâmico, ousado
e preparado para tantas mudanças a que a Igreja deve passar nos próximos anos.
Sigamos o exemplo do Papa e façamos todos nós, nosso
exame de consciência!
“Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração de vos Ter
ofendido, porque sois tão bom e amável. Prometo, com a vossa graça, esforçar-me
para ser bom. Meu Jesus, misericórdia!”
Altair Nogueira é publicitário e atual presidente da
Câmara Municipal de Três Corações (www.altairnogueira.blogspot.com.br)
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Ah, lek, lek, lek...
Gosto não se discute, já dizia minha avó. E gosto musical então, nem se fala. Hoje, com a internet, vivemos um momento em que muitos cantores se tornam sucesso a partir do número de acessos de seus clips no site de compartilhamento You Tube. Vejam como exemplo o caso do sul coreano Psy, com mais de 1 bilhão de acessos, é o mais novo pop star mundial e abalou até o carnaval de Salvador com sua passagem relâmpago pelo trio de Cláudia Leitte.
Sempre discuti com os mais ácidos críticos de música a respeito da denominação “Música Popular Brasileira”, geralmente utilizada para se referir a um restrito casting de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Betânia, João Gilberto e outros poucos, a quem ressalto, são cantores do mais alto padrão de qualidade vocal e de interpretação, que têm músicas eternizadas não só em cenário nacional, bem como entre os hits internacionais. Mas por que não estender esta classificação a todas as músicas que venham genuinamente de nossos cantores e compositores e, não somente, àquelas que a elite aprova.
Mas, vez ou outra, quando um “Ai se eu te pego” da vida rompe as barreiras oceânicas e conquistas celebridades e público em terras estrangeiras, lá vêm os pseudo-entendidos falar que o brasileiro não tem gosto refinado e só coloca nos topos da parada de sucesso, letras de duplo sentido ou sem sentido nenhum. Mas se Chico Buarque canta para “jogar pedra na Geny, jogar bosta na Geny”, todos aplaudem de pé a ousadia e irreverência deste mestre que merece ser reverenciado.
O hit do carnaval 2013, como não poderia ser diferente na contemporaneidade, veio de um clipe compartilhado no You Tube, que custou cerca de R$70 para ser produzido num churrasco, e contou com um empurrãozinho para o sucesso, quando o craque Neymar repetiu a coreografia do “passinho do voltante” na concentração do Santos Futebol Clube. O “Lek, Lek, Lek” agora está em todos os canais, e os meninos pobres da favela carioca já usam roupas de grife em suas aparições, nada mais justo, após conquistarem mais de 15 milhões de acessos nas redes sociais e muita audiência para as emissoras de rádio e tv.
O funk e o hip hop são ritmos com apelo popular e são a trilha sonora preferida de milhões de brasileiros país afora, mas ainda enfrentam certo preconceito, um pelas letras polêmicas que denunciam a triste realidade das comunidades mais pobres que enfrentam a criminalidade, a corrupção e a falta de acesso aos serviços públicos, o outro pelo tempo em que suas letras somente faziam alusão ao sexo e às drogas. Mas tanto o funk quanto o hip hop estão mudando e isso pode ser a grande chance de que nossos especialistas e a sociedade em geral respeite esta produção fonográfica e a trate em termos de igualdade com a dita “Música Popular Brasileira”.
Músicas como as que são entoadas pela Mc Jenny que, com seu “Dig Dim”, foi parar na trilha sonora do maior sucesso infantil dos últimos tempos, a novela Carrossel; o “Lek, Lek,Lek” dos meninos de Niterói e a grudenta “Ela é top” do MC Bola, que não sai da cabeça desde a primeira vez que a ouvimos são exemplos de que o funk não precisa de palavras de baixo calão ou alusivas a coisas negativas para emplacar, assim o ritmo contagiante pode ser associado a letras divertidas e comportadas. Enquanto o hip hop, cada vez mais, assume o papel de música de protesto e conscientização, dando oportunidades aos talentos das comunidades darem voz ao seu povo.
Nem sempre nossos ouvidos querem apenas belas melodias e letras românticas e reflexivas. As clássicas composições que mexem com nossos sentidos ainda são mágicas e provocam verdadeira catarse em quem as ouve, mas há momentos de descontração e alegria, em que um bom ritmo com uma letra simplória pode ser a melhor pedida. Há momentos em que ouvir uma letra de denúncia que mostra as diferenças sociais e os conflitos ainda existentes em nossa sociedade pode ser melhor que assistir aos sangrentos noticiários de hoje em dia. Além disso, o chamado sertanejo universitário, com raras exceções, ocupou o lugar do antigo funk na questão das letras vazias, com duplo sentido ou com alusão à comportamentos degradantes.
Por isso, o que conta mesmo é a música que o povo gosta, e se ele gosta, alguma qualidade ela tem. Melhor um "Lek,Lek,Lek" ou um "Dig Dim" que todos podem ouvir juntos na sala de casa do que um "Não vai embora não, deita aqui na cama/Se seu pai te perguntar, você tá com Luan Santana".
Altair Nogueira é publicitário, atual presidente da Câmara Municipal de Três Corações, twitter:@altair_nogueira)
Sempre discuti com os mais ácidos críticos de música a respeito da denominação “Música Popular Brasileira”, geralmente utilizada para se referir a um restrito casting de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Betânia, João Gilberto e outros poucos, a quem ressalto, são cantores do mais alto padrão de qualidade vocal e de interpretação, que têm músicas eternizadas não só em cenário nacional, bem como entre os hits internacionais. Mas por que não estender esta classificação a todas as músicas que venham genuinamente de nossos cantores e compositores e, não somente, àquelas que a elite aprova.
Mas, vez ou outra, quando um “Ai se eu te pego” da vida rompe as barreiras oceânicas e conquistas celebridades e público em terras estrangeiras, lá vêm os pseudo-entendidos falar que o brasileiro não tem gosto refinado e só coloca nos topos da parada de sucesso, letras de duplo sentido ou sem sentido nenhum. Mas se Chico Buarque canta para “jogar pedra na Geny, jogar bosta na Geny”, todos aplaudem de pé a ousadia e irreverência deste mestre que merece ser reverenciado.
O hit do carnaval 2013, como não poderia ser diferente na contemporaneidade, veio de um clipe compartilhado no You Tube, que custou cerca de R$70 para ser produzido num churrasco, e contou com um empurrãozinho para o sucesso, quando o craque Neymar repetiu a coreografia do “passinho do voltante” na concentração do Santos Futebol Clube. O “Lek, Lek, Lek” agora está em todos os canais, e os meninos pobres da favela carioca já usam roupas de grife em suas aparições, nada mais justo, após conquistarem mais de 15 milhões de acessos nas redes sociais e muita audiência para as emissoras de rádio e tv.
O funk e o hip hop são ritmos com apelo popular e são a trilha sonora preferida de milhões de brasileiros país afora, mas ainda enfrentam certo preconceito, um pelas letras polêmicas que denunciam a triste realidade das comunidades mais pobres que enfrentam a criminalidade, a corrupção e a falta de acesso aos serviços públicos, o outro pelo tempo em que suas letras somente faziam alusão ao sexo e às drogas. Mas tanto o funk quanto o hip hop estão mudando e isso pode ser a grande chance de que nossos especialistas e a sociedade em geral respeite esta produção fonográfica e a trate em termos de igualdade com a dita “Música Popular Brasileira”.
Músicas como as que são entoadas pela Mc Jenny que, com seu “Dig Dim”, foi parar na trilha sonora do maior sucesso infantil dos últimos tempos, a novela Carrossel; o “Lek, Lek,Lek” dos meninos de Niterói e a grudenta “Ela é top” do MC Bola, que não sai da cabeça desde a primeira vez que a ouvimos são exemplos de que o funk não precisa de palavras de baixo calão ou alusivas a coisas negativas para emplacar, assim o ritmo contagiante pode ser associado a letras divertidas e comportadas. Enquanto o hip hop, cada vez mais, assume o papel de música de protesto e conscientização, dando oportunidades aos talentos das comunidades darem voz ao seu povo.
Nem sempre nossos ouvidos querem apenas belas melodias e letras românticas e reflexivas. As clássicas composições que mexem com nossos sentidos ainda são mágicas e provocam verdadeira catarse em quem as ouve, mas há momentos de descontração e alegria, em que um bom ritmo com uma letra simplória pode ser a melhor pedida. Há momentos em que ouvir uma letra de denúncia que mostra as diferenças sociais e os conflitos ainda existentes em nossa sociedade pode ser melhor que assistir aos sangrentos noticiários de hoje em dia. Além disso, o chamado sertanejo universitário, com raras exceções, ocupou o lugar do antigo funk na questão das letras vazias, com duplo sentido ou com alusão à comportamentos degradantes.
Por isso, o que conta mesmo é a música que o povo gosta, e se ele gosta, alguma qualidade ela tem. Melhor um "Lek,Lek,Lek" ou um "Dig Dim" que todos podem ouvir juntos na sala de casa do que um "Não vai embora não, deita aqui na cama/Se seu pai te perguntar, você tá com Luan Santana".
Altair Nogueira é publicitário, atual presidente da Câmara Municipal de Três Corações, twitter:@altair_nogueira)
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Carnaval Real!
Ao assistir o noticiário da quarta-feira de cinzas, me impressionei com o número de ocorrências policiais registradas nas cidades mineiras. Brigas, agressões, assaltos, assassinatos, afogamentos, vandalismo, arrastões, trios-elétricos desgovernados, incêndios e mortes, muitas mortes. Muitas mães viram seus filhos saírem felizes, com seus abadás na sexta-feira, mas não viram sua volta para a casa, tiveram de buscar notícias em hospitais e, em alguns casos, no IML.
Que contraste, numa festa marcada pela alegria, pela descontração, pelo colorido das fantasias, das plumas e dos confetes, tantos problemas, tantas trevas, na grande maioria dos casos, provocados pela falta de prevenção e segurança nos eventos realizados pelas prefeituras.
Enquanto isso, aqui em Três Corações tivemos rodas de samba, marchinhas, sambas-enredo, e o ritmo alucinante do “Ai, delícia!” agitando a galera, com muita segurança e organização. Com a forte chuva que atingiu a cidade na segunda-feira, organizadores e Corpo de Bombeiros decidiram cancelar o show daquele dia para que pudessem melhorar, ainda mais, a estrutura para o dia seguinte.
Famílias inteiras puderam curtir o reinado de momo, ou melhor, no nosso caso, o reinado da Brigite. Que ideia maravilhosa, resgatar a boneca gigante que há anos estava recolhida tristonha nos corredores da Casa da Cultura. Agora repaginada, com visual moderno e cabelo de “chapinha”, ela abandonou suas colegas “viúvas” e decidiu cair na folia à procura de um namorado. Os pretendentes apareceram tarde e somente poderão conhecer a amada no próximo carnaval.
Nada melhor do que um carnaval animado, colorido, bem organizado, mas, principalmente, com segurança. Quem não se lembra que, alguns anos atrás, nossa festa foi apelidada de “carnafaca”, tamanha era a violência registrada durante os festejos. Nos últimos anos, passamos a receber novamente turistas e tricordianos ausentes para curtir conosco.
Os críticos vão afirmar que muitos foram passar o carnaval nas cidades vizinhas e lá estava muito melhor ou então foram para a praia por não gostarem da nossa festa. O problema é que nem todo tricordiano tem R$100, R$200, R$500 para comprar abadás, pagar condução, casa de aluguel ou diária de hotel. E quem ficou teve um belo carnaval. Afinal, como dizem, a alegria e animação é por nossa conta, não adianta fazer grandes eventos para gente desanimada, para estes, sempre vai estar ruim.
É claro que precisamos melhorar muito, apoiar mais os blocos carnavalescos, quem sabe voltarmos com nosso desfile de escolas de samba tão tradicionais, aumentar as atrações, melhorar a estrutura. Mas o que já se viu neste ano, foi muito bom. Cabe aqui, parabenizar o Prefeito Dr. Cláudio, o Secretário de Cultura Átila Beck, bem como toda a equipe que trabalhou para este belíssimo carnaval. E o nosso embaixador do samba, Valtinho, que ali representava o verdadeiro espírito carnavalesco, de uma diversão sadia. Nele, lembrávamos-nos do Seu Dominguinhos, do Tadeu Chacrinha, do Carlinhos da Ordelha, da Doca Neder, do Chão Dourado e de tantos homens e mulheres que acreditavam no nosso carnaval.
Parabéns a todos! O ano que vem tem mais e tenho certeza que vai ser melhor ainda! Não vamos gastar energia criticando o que não foi bom! Vamos unir forças e preparar desde já o próximo e, com todos juntos, num mesmo objetivo, teremos um Carnaval Real na Terra do Rei Pelé! Vamos fazer o melhor carnaval no ano da Copa de 2014.
Altair Nogueira é publicitário e atual presidente da Câmara Municipal de Três Corações (twitter: @altair_nogueira)
Me dê motivo
-"É, engraçado, ás vezes a gente sente, e fica pensando
Que está sendo amado, que está amando, e que
Encontrou tudo o que a vida poderia oferecer
E em cima disso a gente constrói os nossos sonhos
Os nossos castelos, e cria um mundo de encanto onde tudo é belo
Até que a mulher que a gente ama, vacila e põe tudo a perder
E põe tudo a perder..."
Mê de motivo, para ir embora
Estou vendo a hora, de te perder
Mê de motivo, vai ser agora
Estou indo embora, o que fazer?
Estou indo embora, não faz sentido
Ficar contigo, melhor assim
E é nessa hora, que o homem chora
A dor é forte, demais pra mim
-"Já que você quis assim, tudo bem
Cada um pro seu lado, a vida é isso mesmo
Eu vou procurar e sei que vou encontrar
Alguém melhor que você, espero que seja feliz
No seu novo caminho, ficar contigo
Não faz sentido, melhor assim"...
Mê de motivo, foi jogo sujo
E agora eu fujo, pra não sofrer
Fui teu amigo, te dei o mundo
Você foi fundo, quis me perder
Agora é tarde, não tem mais jeito
O teu defeito, não tem perdão
Eu vou a luta, que a vida é curta
Não vale a pena, sofrer em vão
Pode crer você pôs tudo a perder
Não podia me fazer o que fez
E por mais que você tente negar, me dê motivo
Podes crer eu vou sair por aí
E mostrar que posso ser bem feliz
Encontrar alguém que saiba me dar
Me dar motivo
Me dar motivo
Michael Sullivan, compositor. Tim Maia, intérprete.
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Amor & Ódio
No ano de 2008, uma publicação feita por pesquisadores do Laboratório de Neurobiologia da University College London causou grande repercussão mundial ao afirmar que as áreas cerebrais ativadas quando uma pessoa vive um romance são as mesmas de quando se odeia alguém.
Desde então, aquilo que a literatura sempre pregou, ganhou embasamento científico, a prova definitiva de que amor e ódio estão separados por uma linha tênue. Apesar de que os sentimentos não podem ser medidos como formas geométricas ou considerados exatos como as fórmulas aritméticas, eles precisam ser vividos. No senso comum é afirmado que o “amor é cego”. Nietzsche vai um pouco além, afirmando que: “o amor e o ódio não são cegos, mas são ofuscados pelo fogo que carregam diante de si”.
Mas é difícil acreditar que um sentimento tão forte como o amor, que pode se explicar por caridade, afeição, atração, paixão, companheirismo, dedicação, intimidade, prazer, e tantos outros comportamentos nobres e que geram felicidade ao ser humano pode estar tão intrinsecamente ligado ao ódio. Em questão de segundos e com pequenos atos, toda uma relação amorosa pode se transformar em ódio e as razões e motivos muitas vezes são pífios.
Na maioria das vezes a mentira é a grande vilã dos relacionamentos humanos, sendo a grande responsável pelo transcurso da linha entre amor e ódio. Perder a confiança em alguém que se ama tem o mesmo efeito de um terremoto que abala as bases sólidas das edificações, provocando rachaduras irreparáveis.
Érico Veríssimo escreveu: “O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença...”
No nono capítulo do livro bíblico do Eclesiastes, encontramos a seguinte citação: “Amor e ódio estão diante do homem, e o homem não sabe escolher.”E se olharmos para o mundo em que vivemos e analisarmos os conflitos, as guerras e batalhas que se iniciam por questões de ódio e intolerância, vemos que o homem muitas vezes escolhe o ódio ao amor. Quando os noticiários mostram homens e mulheres que dizem que mataram seus companheiros ou suas companheiras por amor, nos perguntamos se eles sabem o que é o amor. Por serem sentimentos tão próximos, será que não o confundiram com o ódio? Afinal o que levaria uma pessoa a matar quem escolheu para amar?Não é fácil entender o que leva a um ou ao outro, afinal podemos até mesmo odiarmos a nós mesmos em certos momentos da vida.
O amor e o ódio podem ser sentimentos irmãos, mas nunca terão as mesmas consequências. Enquanto o amor é contagiante e motivador, o ódio só leva nos leva às trevas e ao caos. Por mais pesquisas e estudos que se façam sobre o assunto, talvez nunca tenhamos uma explicação convincente e exata sobre isso, assim a melhor forma seria plantar sempre sementes de amor, independente de quantas decepções a vida nos traga e deixar o ódio de lado. O escritor português Vergilio Ferreira assim eternizou este pensamento: “O amor e o ódio são irmãos, mas o ódio é um irmão bastardo.”
Altair Nogueira é publicitário e atual presidente da Câmara Municipal de Três Corações (twitter:@altair_nogueira)
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