Após uma semana de debates e reflexões sobre o tema da família, o sínodo convocado pelo papa Francisco adotou um tom de abertura em relação a cristãos divorciados e casais homossexuais.
Nesta segunda-feira (13), o cardeal Peter Erdo, relator-geral do sínodo, leu um documento, a "relatio post disceptationem", com 58 pontos propostos ao longo da semana passada por cerca de 200 bispos reunidos no Vaticano. No texto, foi possível notar uma inovação em relação ao tratamento atual dado pela Igreja Católica a divorciados e homossexuais.
De acordo com o conteúdo do documento, que foi lido na presença do Papa, a Igreja deve se inspirar no Concílio Vaticano II e nas soluções encontradas por outras igrejas cristãs e religiões para lidar com os dois temas. O relatório ressalta o "sofrimento" de quem "passou por separações ou divórcios", sem negar também a "problemática moral relacionada às uniões homossexuais".
O texto também pede atenção aos filhos de casais do mesmo sexo ou divorciados. De acordo com o documento, a solução para os diversos problemas pastorais deve ser encontrada através da "inclusão" e da "conciliação", já que a Igreja precisa estar disposta a acolher "o lado positivo da vida das pessoas, acompanhando-a com respeito e atenção".
"Devemos respeitar a dignidade de cada pessoa. O fato de ser homossexual não significa que esta dignidade não é reconhecida e promovida. A ideia central é a promoção da pessoa, independentemente de sua orientação sexual", disse Bruno Forte, secretário-especial do sínodo.
O documento, que abre a segunda semana discussões do sínodo, possui um texto inovador, tanto na linguagem quanto na preocupação pastoral com as questões de divorciados e homossexuais, mesmo que ainda não imponha nenhuma mudança na posição da Igreja Católica.
O texto do sínodo também reflete uma postura adotada pelo papa Francisco de oposição mais branda aos divorciados e homossexuais. Desde que foi eleito, em março de 2013, o Pontífice tem demonstrado abertura aos temas. Ele já chegou a dizer que não se pode julgar as pessoas pelas suas preferências sexuais, além de ser eleito "personalidade do ano" pela revista norte-americana gay "The Advocate".
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