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domingo, 17 de março de 2013

Habemus Papam: No te olvides de los pobres!



           Não posso mentir que tenha me entusiasmado com o anúncio de quem seria o novo Papa desde o início, não por sua pessoa em si, até porque não o conhecia anteriormente ao conclave, mas por sua nacionalidade. É certo que, apesar de admirador do tango e de um bom vinho argentino, como brasileiro que sou, não tenho grande afinidade por este povo, que sempre nos transmitiu uma imagem arrogante, através de seu porta-voz, o jogador Diego Maradona.
Mas passada a impressão negativa inicial, todas as atitudes e, até mesmo, a escolha do nome, influenciada por um brasileiro, de nosso novo Papa, me agradaram muito.
Habemus Papam! Papa Francisco, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio de 76 anos surpreendeu a banca de apostas e a mídia mundial ao desbancar todos os favoritos a suceder o Papa Bento XVI no comando da Igreja Católica.
Ao escolher pela primeira vez o nome Francisco, numa referência a São Francisco de Assis, e logo em suas primeiras ações, o primeiro Papa latino-americano e o primeiro jesuíta deu mostras de que as tão sonhadas reformas da Igreja Católica estão a caminho.
São Francisco de Assis foi um frade italiano que depois de uma juventude irrequieta e mundana, converteu-se e viveu na extrema pobreza os caminhos cristãos, deixando exemplos de devoção e caridade à humanidade. O Papa Francisco já revelou ao mundo que a escolha deste nome e desta referência se deu quando o Conclave já estava definido e ao receber um abraço apertado e carinhoso do Cardeal brasileiro Dom Cláudio Humes, este lhe dissera: “Não se esqueça dos pobres!” e o eco de sua fala povoou a mente do sumo pontífice, “os pobres, os pobres”.
Assim, todos se assustaram ao ver nascer um Papa que anda a pé, que dispensa a pompa e opulência da Cúria Romana para chegar ao próximo, tocar e ser tocado, fazer-se presente no meio do povo de Deus, celebrar com simplicidade, mas com piedade.
Voltar ao hotel que se hospedara durante os últimos dias para pagar a conta e agradecer aos funcionários, num mundo em que dar calote e desprezar àqueles que nos servem é praxe aceitável, fez milhões refletirem sobre suas próprias atitudes. Abençoar o cão guia que levava um cego em sua primeira audiência com a imprensa, fez nos lembrar do próprio inspirador Francisco de Assis conversando com os animais, que também são criaturas de Deus, numa sociedade que relega muitas espécies à extinção.
Refugar adornos de ouro e prata, o tradicional calçado vermelho e o manto de veludo já deram o tom que teremos um Papa que se importa mais com a conversão do que com os paramentos e aparatos “litúrgicos”.
Ao seguir para sua apresentação, no ônibus com os demais cardeais e permitir que os mesmos utilizassem seu elevador privativo, Papa Francisco mostra que, assim como o próprio Cristo, vai caminhar junto de seu povo, ao lado de quem precisa de seu amparo e direção, e não, elevado por tronos solenes que o afastam do próprio corpo da Igreja. Assim, revela sua face jesuíta que quer uma Igreja missionária para amparar seus fiéis.
Na primeira oração do Angelus e na homilia da missa celebrada no mesmo dia, em que a liturgia tinha como evangelho a parábola da mulher adúltera, Papa Francisco nos lembra que Deus é extremamente misericordioso e não se cansa de perdoar, ao contrário de nossa limitação humana que tende a negar o perdão e uma nova chance ao próximo. Ao final desta celebração, o Papa ficou na porta da Igreja como um padre do interior e cumprimentou os fiéis. A multidão que aguardava no bloqueio também não foi esquecida, ganhou abraços, apertos de mão e o simpático sorriso de um sucessor de Pedro, que deixa o protocolo de lado para mostrar sua face humana e acolhedora. Numa época em que alguns presbíteros se isolam da comunidade e somente se importam em exibir uma Igreja reluzente e ritualizada, ele dá o exemplo de humildade, de proximidade e pede uma ação pastoral de seus membros para tornar a Igreja mais “familiar”.
Papa Francisco tem dado a tônica de como será seu papado, e como quer que cardeais, bispos e padres se comportem junto dos fiéis católicos. Parece que a cada ação do novo Papa, ecoa outra vez a voz do cardeal Humes: “os pobres, os pobres”. A missão de Francisco surge novamente no seio da Igreja para mostrar que não foi apenas pelo respeito à natureza e aos animais, e pela vida pobre que se destacou, mas também quando escutou do Cristo no crucifixo: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas!” e foi.
Altair Nogueira é publicitário, presidente da Câmara Municipal de Três Corações e presidente da AMICAM (Leia mais em www.altairnogueira.blogspot.com.br)

quarta-feira, 13 de março de 2013

#Curtir,Compartilhar e, no intervalo, Viver!



A direção do Facebook anunciou ter atingido, em março de 2012, um total de 901 milhões de usuários. No Brasil, registra-se um total de 45 milhões de brasileiros ativos na rede social em março. E se você não sabe do que estou falando, sinta-se um excluído da era digital, pois quem não está inserido nas denominadas redes sociais, está fora do mundo globalizado, cada vez mais, baseado em relações frias e totalmente virtuais.
Uma pesquisa da universidade da Noruega descobriu que já existem pessoas viciadas em facebook, eu que o diga. A pesquisadora descobriu vários fatores sobre a dependência em Facebook, como suas principais vítimas: as mulheres e os mais jovens. Pessoas tímidas, ansiosas e inseguras socialmente também estão no páreo. Assim, indivíduos com essas características de personalidade têm maior facilidade em se comunicar por meio das mídias sociais do que pessoalmente.
Há uma semana, decidi me retirar por um tempo do facebook. No começo tive algumas crises de abstinência e senti que estava sozinho sem as curtidas de meus amigos. Muitos assessores me confrontaram: Como você pode deixar uma rede com 5000 amigos e mais de 800 seguidores? E a divulgação de suas ações parlamentares? Mas segui firme em meu propósito e com o passar dos dias tive mais tempo para brincar com o cachorro, para contemplar os passarinhos que visitam o jardim da minha casa, li dois livros e comecei um terceiro neste período, comecei a fazer a barba com mais frequência e vi filmes, até então, inéditos para mim.
O facebook é uma excelente ferramenta de divulgação e disseminação de ideias e projetos, bem como cumpre sua função de integrar amigos e facilitar a comunicação entre pessoas à distância, mas, muitas vezes, também gera distanciamento entre os seres humanos que abrem o diário de suas vidas nas redes sociais e ali, circulam cordiais e amistosos pelas entranhas do mundo virtual, comportamento diferente do assumido no dia a dia, onde muitas vezes não são capazes de demonstrar seu carinho e atenção nem mesmo para os entes mais próximos.
Quando o poeta disse “Navegar é preciso, viver não é preciso.”, creio que falava de precisão, exatidão e, não, de necessidade, mas, em tempos atuais, poderíamos usá-la em qualquer anúncio de provedores ou modens de internet, pois a maioria das pessoas não tem mais uma vida social e coletiva tão intensa quanto suas relações digitais. Navegam horas e horas por redes sociais como facebook, twitter, instagram, entre outras, expõem pensamentos, promovem campanhas e protestos, divulgam, externam emoções e julgamentos, “protegidos” pelo escudo virtual, mas se esquecem que ações do mundo cibernético têm reações no mundo real.
Sem querer julgar se há mais ganhos ou percas com a evolução e disseminação das redes sociais, quero apenas denotar minha experiência de voltar ao “passado” e ficar algum tempo afastado do mundo virtual, me concedendo a oportunidade de desfrutar da vida real por mais tempo. Longe do brilho das telas de led e da frieza das relações da internet, é possível sentir a verdadeira intensidade das cores do mundo, seus aromas e calor próprio. É claro que dizer muitas coisas que são ditas sob a proteção dos meios digitais, olhando nos olhos é muito mais difícil, mas extremamente necessário para estabelecer confiança e credibilidade nos relacionamentos interpessoais.
Não há mal algum em participar do facebook ou qualquer outra comunidade da internet, mas que não nos esqueçamos da importância de nos relacionarmos pessoalmente como seres humanos, estabelecer contatos uns com os outros, olhar nos olhos, apertar as mãos, sorrir, falar e escutar faz parte da nossa vivência e interfere diretamente no desenvolvimento da sociedade. Vamos curtir mais a vida, compartilhar bons exemplos e boas ações e cutucar aquilo que está errado, buscando corrigir os rumos, assim teremos uma vida melhor e um mundo melhor!

Altair Nogueira é publicitário, presidente da Câmara Municipal de Três Corações e presidente da AMICAM.