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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Por que o Papa renunciou?


           “O Senhor me chamou ao monte para orar, mas isso não significa que abandonarei a Igreja!”, palavras singelas, mas com forte significado após a onda de boatos e falsas afirmações que tomaram conta da imprensa nos últimos tempos, após Bento XVI anunciar que renunciaria ao Trono de Pedro.
Impossível não se emocionar ao ver milhares de pessoas com olhares atentos na Praça São Pedro, esperando ansiosamente a última oração do Angelus pelo Papa, antes de sua saída.
Em sua fala, Bento XVI convocou a Igreja e todos os seus membros a se "renovarem" e "se reorientarem em direção a Deus, rejeitando o orgulho e o egoísmo".
Todos as atenções estão voltadas para o Vaticano nos últimos dias e a imprensa procura explicações sobre a atitude do Papa, mas pouquíssimos destacaram a coragem, a ousadia, o desprendimento, o altruísmo, a humildade do Santo Padre de reconhecer sua fraqueza física e o desgaste para continuar a frente do pontificado.
A atitude de Bento XVI nos faz refletir sobre nossas capacidades e nos encoraja a reconhecer nossa falibilidade diante de certas situações, somos seres humanos limitados e passiveis de erros, que, claro, podem ser corrigidos e perdoados, mas dependem de uma atitude de reconhecimento em primeiro lugar.
A Igreja Católica sempre foi vista como conservadora, de hierarquia rígida, engessada e centralizadora, e muitos, ainda não acreditam que estão vivendo este momento histórico da renúncia de um Papa, fato só visto anteriormente há 600 anos. Com escândalos políticos e financeiros evidenciados nos noticiários, vazamento de informações confidenciais e as denúncias de casos de pedofilia, além da eterna briga por poder entre a cúpula da Igreja, notamos o esvaziamento das igrejas em todo o mundo. Vejamos o cenário nacional em que há cerca de 30 anos tínhamos aproximadamente 90% da população declarada católica e hoje, dados apontam que são apenas 65%. A atual fragilidade do pontífice reflete a própria fragilidade da Igreja.
São muitas as questões polêmicas a serem tratadas pelo novo Papa, muitos são os desafios, num mundo onde a tecnologia da informação agilizou os processos humanos, onde a transparência das instituições é base para sua credibilidade, é preciso decentralizar as decisões e abrir de vez as portas da Igreja aos fiéis como conclama o Concílio Vaticano II. Assim, fica nosso dever de orar para que o Espírito Santo ilumine os cardeais que participarão do conclave para que façam a melhor escolha e eleger um dirigente dinâmico, ousado e preparado para tantas mudanças a que a Igreja deve passar nos próximos anos.
Sigamos o exemplo do Papa e façamos todos nós, nosso exame de consciência!
“Meu Deus, eu me arrependo de todo o coração de vos Ter ofendido, porque sois tão bom e amável. Prometo, com a vossa graça, esforçar-me para ser bom. Meu Jesus, misericórdia!”

Altair Nogueira é publicitário e atual presidente da Câmara Municipal de Três Corações (www.altairnogueira.blogspot.com.br)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Ah, lek, lek, lek...

     Gosto não se discute, já dizia minha avó. E gosto musical então, nem se fala. Hoje, com a internet, vivemos um momento em que muitos cantores se tornam sucesso a partir do número de acessos de seus clips no site de compartilhamento You Tube. Vejam como exemplo o caso do sul coreano Psy, com mais de 1 bilhão de acessos, é o mais novo pop star mundial e abalou até o carnaval de Salvador com sua passagem relâmpago pelo trio de Cláudia Leitte.
      Sempre discuti com os mais ácidos críticos de música a respeito da denominação “Música Popular Brasileira”, geralmente utilizada para se referir a um restrito casting de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Betânia, João Gilberto e outros poucos, a quem ressalto, são cantores do mais alto padrão de qualidade vocal e de interpretação, que têm músicas eternizadas não só em cenário nacional, bem como entre os hits internacionais. Mas por que não estender esta classificação a todas as músicas que venham genuinamente de nossos cantores e compositores e, não somente, àquelas que a elite aprova.
      Mas, vez ou outra, quando um “Ai se eu te pego” da vida rompe as barreiras oceânicas e conquistas celebridades e público em terras estrangeiras, lá vêm os pseudo-entendidos falar que o brasileiro não tem gosto refinado e só coloca nos topos da parada de sucesso, letras de duplo sentido ou sem sentido nenhum. Mas se Chico Buarque canta para “jogar pedra na Geny, jogar bosta na Geny”, todos aplaudem de pé a ousadia e irreverência deste mestre que merece ser reverenciado.
      O hit do carnaval 2013, como não poderia ser diferente na contemporaneidade, veio de um clipe compartilhado no You Tube, que custou cerca de R$70 para ser produzido num churrasco, e contou com um empurrãozinho para o sucesso, quando o craque Neymar repetiu a coreografia do “passinho do voltante” na concentração do Santos Futebol Clube. O “Lek, Lek, Lek” agora está em todos os canais, e os meninos pobres da favela carioca já usam roupas de grife em suas aparições, nada mais justo, após conquistarem mais de 15 milhões de acessos nas redes sociais e muita audiência para as emissoras de rádio e tv.
      O funk e o hip hop são ritmos com apelo popular e são a trilha sonora preferida de milhões de brasileiros país afora, mas ainda enfrentam certo preconceito, um pelas letras polêmicas que denunciam a triste realidade das comunidades mais pobres que enfrentam a criminalidade, a corrupção e a falta de acesso aos serviços públicos, o outro pelo tempo em que suas letras somente faziam alusão ao sexo e às drogas. Mas tanto o funk quanto o hip hop estão mudando e isso pode ser a grande chance de que nossos especialistas e a sociedade em geral respeite esta produção fonográfica e a trate em termos de igualdade com a dita “Música Popular Brasileira”.
      Músicas como as que são entoadas pela Mc Jenny que, com seu “Dig Dim”, foi parar na trilha sonora do maior sucesso infantil dos últimos tempos, a novela Carrossel; o “Lek, Lek,Lek” dos meninos de Niterói e a grudenta “Ela é top” do MC Bola, que não sai da cabeça desde a primeira vez que a ouvimos são exemplos de que o funk não precisa de palavras de baixo calão ou alusivas a coisas negativas para emplacar, assim o ritmo contagiante pode ser associado a letras divertidas e comportadas. Enquanto o hip hop, cada vez mais, assume o papel de música de protesto e conscientização, dando oportunidades aos talentos das comunidades darem voz ao seu povo.
      Nem sempre nossos ouvidos querem apenas belas melodias e letras românticas e reflexivas. As clássicas composições que mexem com nossos sentidos ainda são mágicas e provocam verdadeira catarse em quem as ouve, mas há momentos de descontração e alegria, em que um bom ritmo com uma letra simplória pode ser a melhor pedida. Há momentos em que ouvir uma letra de denúncia que mostra as diferenças sociais e os conflitos ainda existentes em nossa sociedade pode ser melhor que assistir aos sangrentos noticiários de hoje em dia. Além disso, o chamado sertanejo universitário, com raras exceções, ocupou o lugar do antigo funk na questão das letras vazias, com duplo sentido ou com alusão à comportamentos degradantes.
      Por isso, o que conta mesmo é a música que o povo gosta, e se ele gosta, alguma qualidade ela tem. Melhor um "Lek,Lek,Lek" ou um "Dig Dim" que todos podem ouvir juntos na sala de casa do que um "Não vai embora não, deita aqui na cama/Se seu pai te perguntar, você tá com Luan Santana".

     Altair Nogueira é publicitário, atual presidente da Câmara Municipal de Três Corações, twitter:@altair_nogueira)









quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Carnaval Real!

Ao assistir o noticiário da quarta-feira de cinzas, me impressionei com o número de ocorrências policiais registradas nas cidades mineiras. Brigas, agressões, assaltos, assassinatos, afogamentos, vandalismo, arrastões, trios-elétricos desgovernados, incêndios e mortes, muitas mortes. Muitas mães viram seus filhos saírem felizes, com seus abadás na sexta-feira, mas não viram sua volta para a casa, tiveram de buscar notícias em hospitais e, em alguns casos, no IML. Que contraste, numa festa marcada pela alegria, pela descontração, pelo colorido das fantasias, das plumas e dos confetes, tantos problemas, tantas trevas, na grande maioria dos casos, provocados pela falta de prevenção e segurança nos eventos realizados pelas prefeituras. Enquanto isso, aqui em Três Corações tivemos rodas de samba, marchinhas, sambas-enredo, e o ritmo alucinante do “Ai, delícia!” agitando a galera, com muita segurança e organização. Com a forte chuva que atingiu a cidade na segunda-feira, organizadores e Corpo de Bombeiros decidiram cancelar o show daquele dia para que pudessem melhorar, ainda mais, a estrutura para o dia seguinte. Famílias inteiras puderam curtir o reinado de momo, ou melhor, no nosso caso, o reinado da Brigite. Que ideia maravilhosa, resgatar a boneca gigante que há anos estava recolhida tristonha nos corredores da Casa da Cultura. Agora repaginada, com visual moderno e cabelo de “chapinha”, ela abandonou suas colegas “viúvas” e decidiu cair na folia à procura de um namorado. Os pretendentes apareceram tarde e somente poderão conhecer a amada no próximo carnaval. Nada melhor do que um carnaval animado, colorido, bem organizado, mas, principalmente, com segurança. Quem não se lembra que, alguns anos atrás, nossa festa foi apelidada de “carnafaca”, tamanha era a violência registrada durante os festejos. Nos últimos anos, passamos a receber novamente turistas e tricordianos ausentes para curtir conosco. Os críticos vão afirmar que muitos foram passar o carnaval nas cidades vizinhas e lá estava muito melhor ou então foram para a praia por não gostarem da nossa festa. O problema é que nem todo tricordiano tem R$100, R$200, R$500 para comprar abadás, pagar condução, casa de aluguel ou diária de hotel. E quem ficou teve um belo carnaval. Afinal, como dizem, a alegria e animação é por nossa conta, não adianta fazer grandes eventos para gente desanimada, para estes, sempre vai estar ruim. É claro que precisamos melhorar muito, apoiar mais os blocos carnavalescos, quem sabe voltarmos com nosso desfile de escolas de samba tão tradicionais, aumentar as atrações, melhorar a estrutura. Mas o que já se viu neste ano, foi muito bom. Cabe aqui, parabenizar o Prefeito Dr. Cláudio, o Secretário de Cultura Átila Beck, bem como toda a equipe que trabalhou para este belíssimo carnaval. E o nosso embaixador do samba, Valtinho, que ali representava o verdadeiro espírito carnavalesco, de uma diversão sadia. Nele, lembrávamos-nos do Seu Dominguinhos, do Tadeu Chacrinha, do Carlinhos da Ordelha, da Doca Neder, do Chão Dourado e de tantos homens e mulheres que acreditavam no nosso carnaval. Parabéns a todos! O ano que vem tem mais e tenho certeza que vai ser melhor ainda! Não vamos gastar energia criticando o que não foi bom! Vamos unir forças e preparar desde já o próximo e, com todos juntos, num mesmo objetivo, teremos um Carnaval Real na Terra do Rei Pelé! Vamos fazer o melhor carnaval no ano da Copa de 2014. Altair Nogueira é publicitário e atual presidente da Câmara Municipal de Três Corações (twitter: @altair_nogueira)

Me dê motivo

-"É, engraçado, ás vezes a gente sente, e fica pensando Que está sendo amado, que está amando, e que Encontrou tudo o que a vida poderia oferecer E em cima disso a gente constrói os nossos sonhos Os nossos castelos, e cria um mundo de encanto onde tudo é belo Até que a mulher que a gente ama, vacila e põe tudo a perder E põe tudo a perder..." Mê de motivo, para ir embora Estou vendo a hora, de te perder Mê de motivo, vai ser agora Estou indo embora, o que fazer? Estou indo embora, não faz sentido Ficar contigo, melhor assim E é nessa hora, que o homem chora A dor é forte, demais pra mim -"Já que você quis assim, tudo bem Cada um pro seu lado, a vida é isso mesmo Eu vou procurar e sei que vou encontrar Alguém melhor que você, espero que seja feliz No seu novo caminho, ficar contigo Não faz sentido, melhor assim"... Mê de motivo, foi jogo sujo E agora eu fujo, pra não sofrer Fui teu amigo, te dei o mundo Você foi fundo, quis me perder Agora é tarde, não tem mais jeito O teu defeito, não tem perdão Eu vou a luta, que a vida é curta Não vale a pena, sofrer em vão Pode crer você pôs tudo a perder Não podia me fazer o que fez E por mais que você tente negar, me dê motivo Podes crer eu vou sair por aí E mostrar que posso ser bem feliz Encontrar alguém que saiba me dar Me dar motivo Me dar motivo Michael Sullivan, compositor. Tim Maia, intérprete.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Amor & Ódio

No ano de 2008, uma publicação feita por pesquisadores do Laboratório de Neurobiologia da University College London causou grande repercussão mundial ao afirmar que as áreas cerebrais ativadas quando uma pessoa vive um romance são as mesmas de quando se odeia alguém. Desde então, aquilo que a literatura sempre pregou, ganhou embasamento científico, a prova definitiva de que amor e ódio estão separados por uma linha tênue. Apesar de que os sentimentos não podem ser medidos como formas geométricas ou considerados exatos como as fórmulas aritméticas, eles precisam ser vividos. No senso comum é afirmado que o “amor é cego”. Nietzsche vai um pouco além, afirmando que: “o amor e o ódio não são cegos, mas são ofuscados pelo fogo que carregam diante de si”. Mas é difícil acreditar que um sentimento tão forte como o amor, que pode se explicar por caridade, afeição, atração, paixão, companheirismo, dedicação, intimidade, prazer, e tantos outros comportamentos nobres e que geram felicidade ao ser humano pode estar tão intrinsecamente ligado ao ódio. Em questão de segundos e com pequenos atos, toda uma relação amorosa pode se transformar em ódio e as razões e motivos muitas vezes são pífios. Na maioria das vezes a mentira é a grande vilã dos relacionamentos humanos, sendo a grande responsável pelo transcurso da linha entre amor e ódio. Perder a confiança em alguém que se ama tem o mesmo efeito de um terremoto que abala as bases sólidas das edificações, provocando rachaduras irreparáveis. Érico Veríssimo escreveu: “O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença...” No nono capítulo do livro bíblico do Eclesiastes, encontramos a seguinte citação: “Amor e ódio estão diante do homem, e o homem não sabe escolher.”E se olharmos para o mundo em que vivemos e analisarmos os conflitos, as guerras e batalhas que se iniciam por questões de ódio e intolerância, vemos que o homem muitas vezes escolhe o ódio ao amor. Quando os noticiários mostram homens e mulheres que dizem que mataram seus companheiros ou suas companheiras por amor, nos perguntamos se eles sabem o que é o amor. Por serem sentimentos tão próximos, será que não o confundiram com o ódio? Afinal o que levaria uma pessoa a matar quem escolheu para amar?Não é fácil entender o que leva a um ou ao outro, afinal podemos até mesmo odiarmos a nós mesmos em certos momentos da vida. O amor e o ódio podem ser sentimentos irmãos, mas nunca terão as mesmas consequências. Enquanto o amor é contagiante e motivador, o ódio só leva nos leva às trevas e ao caos. Por mais pesquisas e estudos que se façam sobre o assunto, talvez nunca tenhamos uma explicação convincente e exata sobre isso, assim a melhor forma seria plantar sempre sementes de amor, independente de quantas decepções a vida nos traga e deixar o ódio de lado. O escritor português Vergilio Ferreira assim eternizou este pensamento: “O amor e o ódio são irmãos, mas o ódio é um irmão bastardo.” Altair Nogueira é publicitário e atual presidente da Câmara Municipal de Três Corações (twitter:@altair_nogueira)