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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Carta ao Prefeito

Nesta edição, deixarei de publicar a o artigo com o título “Três Corações fica de fora mais uma vez!” para publicar uma carta que enviei ao Prefeito Faustinho e ao novo Secretário de Desenvolvimento Social, Frank Dias Barbosa sobre minhas impressões a respeito da ação social em nossa cidade. Já fiz dois artigos com o título “Três Corações Terra de Crack” e para não ter que fazer outro, preferi enviar esta correspondência ao executivo, a qual está transcrita na íntegra e na próxima semana falarei mais uma vez dos pré-candidatos a deputado-estadual de nossa cidade.
“Venho trazer a V.Exa. algumas preocupações que fazem parte do cotidiano de centenas de famílias de nossa cidade nos últimos anos e lhe propor algumas sugestões a respeito desta situação.
A cada dia, as drogas têm assolado nossa sociedade, causando degradação, violência e morte, principalmente entre os mais jovens e carentes. Muitas vezes, nossas crianças, adolescentes e jovens recorrem ao vício das drogas como forma de se distanciar de uma realidade de miséria e sofrimento, causando um círculo vicioso onde a criminalidade se faz presente como forma de sustentar esta prática,
Peço encarecidamente que a Prefeitura estude a possibilidade de retomar os projetos sociais nos bairros da cidade, principalmente onde estão os bolsões de pobreza e que apresentem índices altos de criminalidade e delinqüência juvenil.
Andando pelos bairros na noite, sem nenhum critério específico, é possível notar o avanço do consumo de crack entre as pessoas, ressalto novamente, principalmente entre os mais jovens e carentes. Nossa rede de proteção social precisa ser ampliada e divulgada para chegar a quem realmente precisa, e não se enganem, são muitas as pessoas flageladas pela droga, pela miséria, pela violência doméstica.
Aproveito este momento em que um novo secretário assume esta pasta de suma importância para o desenvolvimento e governabilidade de qualquer cidade, pois sem o bem estar das pessoas não há como evoluir, para pedir uma maior integração entre as pastas. A Secretaria de Desenvolvimento Social não pode agir sozinha, ela não alcançará resultados sem integração, especialmente com as Secretarias de Educação e Esporte.
A Secretaria de Esporte tem desempenhado um belo trabalho através de projetos como o Segundo Tempo e o Minas Olímpica, além das ações em diversas modalidades como vôlei, futebol, basquete e ginástica olímpica. Acredito que não há no momento, melhor forma de se aproximar e criar um canal direto de comunicação com os jovens do que através do esporte e nossa cidade conta com diversos profissionais qualificados que podem integrar os quadros de tais ações.
É muito necessário que a política social do município funcione bem para que estes jovens não saiam das escolas. Muitas vezes, a evasão escolar é causada por interferências sociais. Professores não podem ser agredidos verbal e fisicamente em sala de aula, durante o processo de alfabetização não há tempo hábil para que professores assumam a função de assistentes sociais de casos de vulnerabilidade pessoal e social que, cada vez mais, povoam as nossas escolas. Estes alunos, por sua vez, não podem ser abandonados e precisam de um acompanhamento sério e criterioso, especializado para reverter este processo.

Precisamos ouvir mais a voz dos conselhos consultivos, pois eles representam suas classes e precisam de um apoio efetivo do governo para que não sejam gritos vazios de socorro. Dentre estes, reforço a importância das ações de acessibilidade para idosos e pessoas com deficiência, esta é uma política nacional que não pode deixar de ser executada em âmbito local.
Em tempo, precisamos investir em um Centro de Recuperação para Dependentes Químicos em nossa cidade e oferecer maior apoio e acompanhamento aos já existentes, visto que os números de usuários de drogas vem aumentando significativamente.
Precisamos que o Conselho Tutelar seja mais atuante e promova ações de prevenção, visitando as escolas, os bairros e as instituições de nossa cidade para realizar um mapeamento da atual situação de nossas crianças e adolescentes.
Nossos Centros de Referência de Assistência Social(CRAS) precisam ser referências de verdade para a comunidade, todos devem sentir-se acolhidos pelas ações destes, e seus resultados têm de ser reais e concretos. Não há mais espaço para amadorismo na administração pública e a atual forma de execução do Serviço Único de Assistência Social defende o fim do assistencialismo e clientelismo por uma promoção social através da conscientização cidadã, da transparência, e de ações normativas com monitoramento e geração de resultados. Porém, além dos critérios técnicos, precisamos ter sensibilidade para entender e atender os anseios de nossa população já tão penalizada.
Outra ação que em que em minha opinião seria de extrema importância, seria um fórum com a participação de todas as entidades de nosso município, a fim de sistematizar as ações, atualizar informações e regularizar suas documentações e suas atividades.
Por fim, gostaria de sugerir a criação de um Cadastro Único Social do município, pois sem dados, acho difícil definir ações e realizar as atividades necessárias para alcançar os que precisam. Através do Cadastro Único Social, teríamos um mapeamento completo de todos os cidadãos carentes, quais estão recebendo os benefícios e programas de transferência de renda, quais estão sendo atendidos por entidades locais, onde estão e como vivem, assim seria possível uma maior participação inclusive do voluntariado em prol destes grupos.
Espero que tenha contribuído com minhas sugestões e ressalto que o desenvolvimento social não é apenas tarefa governamental, e sim, de nós todos. Se não arregaçarmos as mangas, deixarmos um pouco nossos gabinetes, computadores e telefones e colocarmos em prática toda esta base teórica que resguarda direitos e assegura uma rede de proteção social, logo não conseguiremos mais reverter este domínio das drogas e da marginalidade em nossa sociedade. Ou nos fazemos presentes nestas comunidades ou deixamos de vez com que marginais se apoderem destas. Vamos nos unir e construir juntos uma cidade melhor, com qualidade de vida e bem-estar social, onde todos tenham oportunidades e onde só tenhamos craques de bola, craques de matemática, craques da música, e não este maldito crack que destrói os sonhos e a esperança de nossas crianças.”


Altair Gustavo Rocha Nogueira é publicitário, vereador e quer ajudar a mudar esta triste realidade de nosso país.

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